23.4.07

ai ai ai....

Por mais que eu me esforce, e que hoje seja dia de São Jorge, ando bem chata... talvez cansada de minha própria cabeça norteada por apenas dois temas há dias....
Amor,e o individualismo que fomenta o mundo como está.
Um falta, o outro sobra.
Um me anima, me faz acreditar no humano.
O outro me faz pensar de um jeito fatalista, me traz perguntas...onde vamos parar? Pisando um na cabeça do outro? Esquecendo que existe a esfera pública, preocupando-se apenas com o EU, EU, EU...
E disso resulta fenômenos coletivos, absurdamente massificados, travestidos de "realização do indivíduo". Que realização? Do que estamos falando realmente?
Ou simplesmente, que merda é essa?
Grupos de executivos andando de bicicleta, afinal, o super-homem do capitalismo também é saudável.... Mulheres se tornando eficientes, executivas, e que ainda são lindas e resolvidas sexualmente... dado que a mulher moderna não precisa de ninguém, nem de homens, nem de crianças...apenas de sua empregada doméstica e seu analista. Sexo, ela também pode comprar, só precisa ficar um pouco mais velha e resolver suas crises morais.
Arght...raiva, vontade de riscar carros na rua, só para ver a extensão da individualidade paulistana de alguém profundamente ferida.
Ou de chutar a cabeça de algum escritor de auto-ajuda, daqueles que dizem: Vai lá campeão, tudo depende de você.
Ou incendiar a globo que mostra um pobre estudante carente do nordeste, mas que, muito esforçado, entrou na faculdade e hoje é modelo para muitos vagabundos fracassados....
Ou simplesmente, de ter um belo amor que me acolha e para quem um dia, sem pudor ou vergonha, eu possa dizer:
Preciso sim, e muito, de você.

17.4.07

Reforma agrária quando? Daqui a pouco...





Em meio aos fatos e loucuras em que me enfiei, e a visível fase "eu" desses escritos virtuais, ou seja, quando a cabeça parece que vai dar um nó, eis que o mundo me lembra que ele é muito mais e maior do que minha única, porém banal existência. Mais uma ocupação de terras. Mais pessoas lutando pela vida digna. Mais esperança de que um dia, as coisas podem ser diferentes.
E enquanto o mundo não muda, enquanto o óbvio, o sensato continua sendo a exceção, resta-nos esses pontos de boniteza e luta espalhados por aí, propagados pelo MST e por tantos outros movimentos que combatem a loucura de uma lógica que privilegia a propriedade e não as pessoas. Pessoas que como eu, tem suas vidas, seus universos, suas crises e suas decepções. E que também como eu, tem suas alegrias, amores e expectativas.
Triste viver em um mundo onde constantemente, temos que lembrar, a todos, que todos nós simplesmente SOMOS.

16.4.07

Amar

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

C.D.A


"Quem por esta vida, passou em branca nuvem e em plácido repouso adormeceu. Quem não sentiu o frio da desgraça. Quem passou pela vida e não sofreu. Foi espectro de homem, não foi homem. Só passou pela vida, não a viveu."
(Francisco Otaviano)

E uma minha....

Dos amores dessa vida, ficam as lembranças, os sabores, os calos mais grossos e uma ou outra referência bibliográfica...

12.4.07

Eu X Cidade

Eu queria falar mais sobre o amor, contar sobre os livros que estou lendo, falar mais ainda de amor, ser malvada com a ilustre academia e mais especificamente com o Departamento de puxa-sacos históricos (deveriam ser historiadores?), ver mais meus amigos... contar para um casal muito bonito e que foram os melhores vizinhos de rua e de companheirismo nos perrengues da vida, que eu sinto muita falta do café prolongado e filosófico de todo dia, queria falar da vida, queria falar do ponto de ônibus, queria postar minhas angústias e retratar, em poucas linhas, como é bom uma paixão para deixar tudo isso aqui menos feio. Queria também contar das peripécias dos meus gatinhos lindos que agora já são adolescentes e comemoraram 1 aninho de preta e linda existência. Queria tentar discutir a imensa loucura que é uma grande favela de lona preta criada em Itapecerica da Serra, para quê existe? Mas então, não deveria existir? Não sei... tantas dúvidas, tantas coisas, tantas postagens que passam pela cabeça e eu não escrevo.....
Mas agora não dá, virei a louquinha que corre o dia todo, que faz 30 coisas ao mesmo tempo e que ainda gosta de tomar uma para esquecer que se esqueceu dela mesma....
Agora não dá...virei a cidade, tenho o ritmo da cidade, a cidade me engoliu....
Pois bem, a partir de agora portanto, vou brigar com ela. Talvez eu não ganhe a guerra agora. Mas estou preparando a terra arrasada, para que da próxima vez, ela, quando me invadir, não encontre nada que possa lhe corresponder na frieza de sua existência. Eu não serei mais como ela.
E ela, quando chegar, desapontada, irá perceber que não há mais nada a fazer ali. Que eu fui embora. Que fugi para a tranquilidade. E se sentirá usada, como eu me sinto agora. E eu, estarei do outro lado, dando risada de sua decadência.
Hoje ela me engoliu. Eu deixei. Eu quis.
Amanhã, se tudo der certo, eu dou o troco.

5.4.07


E parece tão normal, que só me lembro que não é tão simples como todo amorzinho nascendo, porque você diz de repente: Preciso ir.
Não, não precisa.
Precisa. Eu sei que precisa. E sei por que precisa.
E você não diz que, em alguma hora, por algum desatino, não precisará mais.
Aliás, você não diz nada.
Só diz: Linda...
Eu só rio. Os três pontinhos do final do teu chamado não pedem complemento.
Pedem beijo.
Mas também não vá tão longe.
Não me ligue assim tão rápido. Estou brigando para não derreter o gelo.
E não quero te esperar ligar.
Quero sempre a surpresa, já que o imprevisto improviso é a beleza disso tudo
Já que dividiremos sempre a cerveja e a cama de vez em quando
O meu dia
O meu acordar
Continuará só meu
Até onde eu aguentar
Até onde você conseguir
Até onde nosso desejo chegar
Ou apenas, até onde ainda valer a pena.