29.10.09

Esses dias todos cinzas...
Inquietação na sala de casa
olhando para o computador que não quer escrever
a cafeteira que está cansada de trabalhar
o sofá sem marcas de gente
Ouvindo um mambo com o vizinho que dança na varanda

A vida por fazer
A casa por limpar

E uma vontade enorme de deixar tudo pra lá...

26.10.09

Quando os dois dizem sim....

Nesse dias aí pela vida, casei mais uma amiga. Truta do coração e de adolescência. Daquelas que não dá para relembrar o filme da sua vida sem que ela apareça por anos.Fiz tudo (mais ou menos) certinho: vestido e sapato de saltinho como da Dona Baratinha, Igreja, padre... e quase chorei. Não chorei porque todo mundo estava agitado demais. Não tinha clima ali do nosso lado da Igreja. Ninguém religioso, ninguém que acredita que é mesmo para sempre. Risinhos generalizados quando o padre diz: O que Deus uniu, o homem não separa. Sem contar uma madrinha que chegou no meio do casório esbaforida( aê nega, se você ler isso aqui, saiba que se você fizer isso no meu casamento, eu te mato!Mas fica tranquila porque a chances de que eu me case na Igreja são muito próximas das possibilidades de pacificação do Rio de Janeiro).

Chegamos ao momento do casório em que a ameaça dita e repetida por anos poderia se realizar, no contexto que imaginamos juntos por muito tempo. O fato é que nosso coletivo de amigos nunca foi fonte de admiração para o noivo. Digamos que nossa conduta não agradava o namorado, e agora marido, da amiga. Dizíamos que, caso ela se casasse com ele, faríamos uma intervenção para impedir o casamento quando o padre perguntasse: Se alguém se opõe a essa união, fale agora ou cale-se para sempre. Único instante em que a ameaça coletiva repetida por anos poderia acontecer. Realmente especial... Todos se olharam, a noiva um pouco angustiada, com medo de que a adolescência pudesse voltar e virar de novo verdade....

Claro que ninguém fez nada. A ameaça só fazia sentido nas tardes que passamos enfurnados bebendo cerveja com uma névoa espessa de fumaça no quarto da noiva. Só fazia sentido quando casar seria a desgraça das desgraças... Agora é bonito.

Quase chorei. A vida andando me emociona. Coisas remotas e que pareciam absurdas se realizam. A mina podrona vestida de noiva e de braços dados com o pai.

Fiquei com a sensação de que um dia vou acordar e estarei visitando os netos dos meus amigos...
Ou quem sabe os meus...

19.10.09

Babilônia 1000 grau!

Na Babilônia o tempo é esse: você sai de casa disposta a ter um dia absolutamente corriqueiro, medíocre e normal e eis que um motoqueiro quase te atropela na calçada para levar sua bolsa. Vale dizer que na terrinha quando alguém é assaltado, e não meramente furtado, vira notícia do jornaleco local. Aqui, a rapazeada nem olhou para o lado. Por um momento eu estava longe de casa sem nada, a não ser o bilhete único que ficou no bolso. Poder voltar para casa já é um adianto.
Eu andava distraída. Tinha um moço na cabeça. Devia estar com um ar de lesa, olhando para o céu tentando enxergar alguma coisa para além do concreto e vupt... o motoqueiro malandrão leva tudo. Meu lenço, meu documento e a porra de um livro que tinha me dado um certo trabalho para achar. Minha carteira. Eu não tinha um centavo, um cigarro ou a cara de pau suficiente para serrar o Belmont do velhinho na porta do bar. Fodam-se os documentos.Quem precisa de documento quando se está em São Paulo? Documento não é nada. O importante é o dinheiro. Queria meus cartões de banco e não minha identidade!?!?
Sem cidadania e sem celular. Levaram e nem me deixaram negociar o chip. Previsão: passar alguns dias sem telefone meditando e buscando o caminho do desprendimento. Ninguém me ligará. Eu só posso ligar para os poucos números que minha pequena memória armazenou. Nenhuma surpresa. Nenhum dos recadinhos que vinham perturbando minha paz e meu coraçãozinho.A agenda que acumulou histórias se foi. Nenhum número com marcas de lágrimas.
Na carteira, excepcionalmente, tinha um dinheiro que uma parceira tinha me entregado um dia antes. Saldo final: Setenta e cinco reais a menos, alguns números de telefones que já deviam ter ido embora e agora forçosamente foram e uma deliciosa sensação de relembrar a tranqüilidade que o mundo pós celular tirou da humanidade.

Francamente foi de graça.

14.10.09

Samba enredo "Paletó Vermeio 2010!"

Samba novo, fresquinho, saindo do forno... Com todas as histórias que cresci ouvindo do meu avô e que me dão uma vontade enorme de um dia ser uma vovozinha rodeada de netinhos...




Quem quiser ouvir, basta clicar no título do post...

NO MATO (Zeca da Silva – Dédo Thenório)
(Compassado)
Bate, bate, bate no Tambor
Bate que é pra machucar
Esquindô lelê
Vem chegando o Boitatá!

(Dobrado)
[ Bate, bate no tambor
[ Mas Bate que é pra machucar
[ Esquindô esquindôlelê
[ Vem chegando o Boitatá!

Ai, pé-de-pato
Mangalô três vez
Bate na madeira
É o Paletó outra vez

Não faço pouco
Não quebro espelho
Eu sou é louco
Pelo Paletó Vermeio

Galho de arruda
Pé-de-coelho
Ninguém me muda
Eu sou é Paletó Vermeio

(Ŝ)
No mato tem um mundo que é demais
Índio com os pés pra trás
E o negrinho de um pé só

A mula-sem-cabeça em lua cheia
Tem a cuca e o Coisa-feia
Habitando os cafundó

No mato
Ô ô ô ô no mato
Tem entidades que a cidade nunca viu
O Lobisomem
Dá calafrio
Mãe-d’água chama pra
Dentro do rio

A Preta Véia me diz: “Meu fio
São esses os encantos do nosso Brasil!”

Meu pai sempre me dizia
O que aprendeu com minha avó
Quem brincar muito com fogo
Mija à noite no lençol

Ferradura, trevo, figa,
Patuá, berenguendém
Meu pai sempre me dizia
E hoje eu repito também (Ø)

1.⌐ No mato... (dal Ŝ al Ø)

[ 2.⌐Bate, no tambor
[ Mas Bate que é pra machucar
[ Esquindô esquindôlelê
[ Vem chegando o Boitatá!

Ai, pé-de-pato
Mangalô três vez
Bate na madeira
É o Paletó outra vez (bis)

Não faço pouco
Não quebro espelho
Eu sou é louco
Pelo Paletó Vermeio

Galho de arruda
Pé-de-coelho
Ninguém me muda
Eu sou é Paletó Vermeio

2.10.09

É hoje...

Hoje vamos eleger o nome do glorioso bloco da Santa Cecília que vai pintar e bordar no carnaval 2010. Adoro uma eleição, aquele clima de boca de urna, a curiosidade atiçada.

Ainda não decidi o nome de minha preferência... Estou entre o "Não largo da Santa" e "Filhos da Santa". Os dois trocadilhos são bons...
Enfim, apareçam doze amigos que de vez em quando passam por esse blog. Quer dizer, seis, porque os outros seis já estão mais do que sabendo...

Na primeira vez que o nome "Filhos da Santa" apareceu na mesa do bar, saiu um bordão meio bestinha... Segue aí não pela qualidade, mas para lembrar que só faltam aproximadamente dois meses e meio para as férias e portanto uns quatro para o carnaval. Não desanimaremos! rsrsrs

"Somos os filhos da santa.
Santa Cecília é a nossa rainha.
Cantando e levando a vida
No Carnaval o Largo é a nossa avenida!"