24.9.10

Nóis ganha pouco mas se diverte

Hoje, conversando com os moleques na sala, escuto a seguinte pérola:

Lucas - Nossa professora, o mais legal é sair com coroa. As mina nova não deixam nem pegar na bunda. Já as coroas te agarram, levam pra casa delas e dão um trabalho... Elas gostam do Vitor rsrsrs Mas eu saí outro dia com uma coroa e foi dá hora.

Eu- É mesmo, foi legal? E quantos anos tinha a coroa?

Lucas (estufando o peito)- Essa foi a mais velha que já peguei: 31.

21.9.10

Eu deveria querer?

Outro dia fui ao cinema depois de um tempão... A vizinha e eu fomos conferir o sucesssooooo "Nosso Lar". Realmente deprimente pensar que aquilo é uma boa representação do imaginário comum angustiado com a idéia de que ninguém fica para semente...
Só pensava o tempo todo: Que merda é essa? Se isso é o paraíso, que bosta de vida alguém que acha aquilo o máximo leva na terra?

Lastimável... tudo branco (principalmente as pessoas excetuando-se o pessoal da cota), chato, com violinos, música erudita, trabalho pra caralho, meritocracia, propriedade, fome, risco de ir para o inferno, dor....

E o pior...a eternidade! Ou ao menos uma vida muito prolongada da expectativa que tenho para mim. Imagina, a moça é mãe de uma chata, louca, sem noção e reencarna para cumprir sua missão e ser mãe daquela praga de novo! Fala se isso não é mais angustiante do que simplesmente ver a luz e acabar.

Eu não quero morrer agora, evidente. Mas também não quero durar tanto assim e nem reviver minhas merdas em outra vida. já me basta essa. Me recuso a pensar que as coisas que cruzaram esta vida, também cruzaram outras e continuarão cruzando e atravessando meu samba.

Sinceramente só vejo uma vantagem em toda essa moda espírita: se for verdade, na próxima vida eu não deixo escapar e encaminho mais cedo para o limbão do outro lado.

14.9.10

Por que você veio?

Mas você veio. Me invade inteira. Me contempla. Me inunda. Me faz achar que a vida é boa.

Queria só te fazer o bem que você me faz. Queria também que você lesse isso.

Só escrevo porque tenho certeza absoluta que você não vai ler.

A gente é doido. E doído.

Sentindo, fica pior. E melhor.

13.9.10

Hoje é um dia importante!

Hoje penso que comecei a gostar de História quando ela começou a me parecer um jeito de entender o sofrimento. Por que todo mundo sofria tanto? Meu professor contava histórias dele e dos amigos e eles sofriam por causa do mundo. A ditadura, a repressão, a falta de arte e beleza... Parecia mais fácil entender alguém que sabia o motivo de sua tristeza.
Eu também era triste. Muito. Mas não sabia que nomes dar para a minha dor. Fui ficando adolescente e leitora. Aprendi nomes que poderiam justificar uma enorme vontade de não existir. Com aqueles nomes a pontada no peito parecia fazer sentido. Me alimentava. E foram anos e anos...

Um dia esses nomes pararam de fazer sentido. Sim, eles doíam. O mundo dói. Todos sofrem e sempre tem alguém aparentemente mais fudido que a gente. Mas existe aquela que é só nossa. É muita humanidade. Assusta.Difícil assumir.

Por isso hoje me permito esquecer todo mundo. Ando pesquisando a História e identificando processos em outro objeto. Quero entender o processo-estrago que ela fez em mim.

1.9.10

Adoro participar de momentos históricos!

O Estados Unidos anunciou o fim da invasão do Iraque com o rabinho entre as pernas. Ou "sem anunciar vitória" com disse a globo. Na minha lógica de mundo, se invadiu e não ganhou, perdeu. Simples assim.

E hoje o Curinthia faz 100 anos. Sou corinthiana por parte de pai. Meu avô era do São
Paulo e apesar de imitar o figura em quase tudo, nunca consegui dividir o time. Eu me lembro, é sério. Ver meu pai torcendo parecia muito mais legal. Grito, empolgação, sofrimento. Nasci dramática. O corinthians dialogou perfeitamente com esse meu lado mexicano.
A festa do Anhangabau foi uma das coisas mais emocionantes da minha vida, mesmo que eu tenha assistido tudo pelo telão. Nunca tinha ficado no meio de uma multidão de mais de 100 mil pessoas. Sou caipira. Lá para os meus lados, mil pessoas já é um mundaréu de gente... Apavorei. Comecei a imaginar tragédias. A boiada estourando. Cenário de desgraça anunciada. Comecei a suar e a tentar sair do meio da galera (e vejam leitores, eu não estava beeem no meio... eu nem vi o palco... fiquei perto da saída da Libero Badaró). O mesmo medo de quando quase me afoguei, de que tem algo muito maior do que você. No caso esse algo era só a nação corinthiana.

Sai. Achei um lugar meio longe e tranquilo. Achei até um conhecido. Fiz meu ritual de parabéns na hora da virada. Cantei o hino uma trezentas e noventa vezes aproximadamente. Abracei uma galera. Tudo na mais santa paz. Nada era mais importante que o timão. Uma confraternização de ideário comum que eu nunca tinha visto. Acho que o comício das Diretas Já devia ter um pouco desse clima, de que existe um sentido maior naquele encontro. E esse sentido momentaneamente cria a impressão de que as outras óbvias diferenças não importam. Impressionante. Vi o Biro Biro. O Neto tava mais loco que o Bozo. O Gorducho foi aclamado. O Dentinho também teve sua parte da homenagem. Pena que o Lula não foi. Se ele aparecesse no palco com a camisa do corinthians eu ia chorar. Muito.

Também teve o show do Exaltasamba. Eu adoro esses figuras. O Thiaguinho é lindo. Aê Rá, cantei a música do lêlê com os caras ao vivo rsrs Emocionante!

Mas voltando ao ser caipira e medrosa, nas últimas músicas comecei a planejar a retirada. Fiquei com medo de novo das massas... Acho que fiz bem. Hoje os noticiários falaram sobre o elementar: treta no final com a polícia. E uma menina atropelada e morta. Eu tinha certeza. Foi o maior barril de pólvora que já vi. Se só morreu um saiu barato.