Ultimamente tenho vivido uma vidinha bem provinciana. De verdade. Fico aqui no mundusp e esqueço um pouco de como é o pega pra capar do centrão, só para citar o mais próximo, o que já vivi e já me machucou muito. Morei no centro, pertinho do minhocão logo que vim para São Paulo. De Piedade com todos os seus 70 mil habitantes para a merda generalizada. Difícil. Para ir ao banco pegar minha mesadinha apertada era terrível... voltava com vontade de pular pela janela de minha espaçosa e agradável kitnet, que me obrigava a fugir para o banheiro no caso de querer mudar de ambiente. E fugi. Foi isso mesmo. Sabia que com o tempo acabaria amortecendo algumas coisas para continuar vivendo.... mas não quis. Queria sair dali, e não me acostumar. Até porque até desencanar um pouco, eu já teria quatro úlceras e um cerébro derretido por entorpecentes. Não dava.
Bom...lembrei disso porque hoje, companheira Juju e eu, passando por baixo do minhocão, nos deparamos com um carro da guarda municipal zelando por um caminhão de água e sua mangueira super potente. Na hora não entendi. De repente, percebemos com um grito de indignação que os jatos de água era para expulsar a galera que mora naquelas rampas embaixo do viaduto. Um senhor fugia da fúria da pressão da água com algumas coisinhas debaixo do braço.
Isso, esses putos chamam de revitalização e higienização. Limpar para que prevaleça a democracia, o direito da classe média e alta de frequentarem o centro sem encontrar esses pobres feios e sujos que ousam morar na rua. Ou seja, até a rua é para poucos, dado que mesmo privados de tudo, do direito constitucional à moradia, nem lá essas PESSOAS podem morar, porque esteticamente é feio.
Para eles, o fascismo declarado. Para nós, o fascismo democrático.