Coisa estranha essa de caminhar pela vida. Estranho essa de se ver, de se olhar, e perceber-se alheia e descolada de todo o contexto a sua volta. Os historiadores, aliás, adoram essa palavra: contexto. Teoricamente, dialogamos com o "onde" estamos inseridas. Pode ser um lugar, pode ser uma situação com pressupostos x, pode ser uma situação o com pressupostos y, enfim, tudo varia de acordo com os elementos que se confrontam naquele momento. Quase um jogo matemático. Probabilidade.
Pode ser que eu deteste alguma coisa, mas naquele momento harahara de harmonia e encontro dos astros, aquilo pareça / seja bom, não é isso?
Não se o lugar for a Vila Madalena. Ela é devastadoramente desesperante. Ela reúne o que há de pior e melhor no mesmo espaço . E eu? Por que eu estou ali? O que me aproxima desse lugar, dessas pessoas,o que nesse cenário específico, permite que eu faça parte da alegoria? Por que eu sou aceita, enquanto tantos não são ? Por que eu posso, o que em mim me aproxima da calhordice dessa casta? Da massificação e padronização travestida de diferente? Na Vila, diferente é ser igual. Quanto mais diferente mais igual. Quanto mais se luta pela diferenciação, individualização e exclusividade do indivíduo, mais esses se assemelham a um grande rebanho colorido....
Eles? E eu? Não estava lá?
Estava. Enchi a cara. Dei risada. Fiquei absurdada. Detestei tudo. Mas adorei a música e o músico. Pedimos o resgate. Fomos para casa. Eu e Raquel. Com uma leve ressaca moral dos surtos de espontaneidade insuflada pelo álcool. Mas tudo bem. Ele não vai ligar mesmo. Ele é de lá, estava perfeitamente encaixado.
Mas e eu? Por que eu insistia em me achar diferente? Por que eu não estava? Por que eu achava que não fazia parte do mundo dos ursinhos carinhosos e coloridos que ouvem samba?
Delícia tomar café. Dar risada de ontem. Saber que falou demais. Ressaca, tonteira.
E então, a frase cabalística que me situou. A frase com a qual me sentia em casa. Alocada. Que me libertou do meu desconhecimento e sensação de flutuar e não fazer parte do mundo. De algum lado. E de algum mundo....
- Meu filho não vai estudar em nenhuma escola que tenha QUALQUER projeto pedagógico.
Sai de lá e flutuei. Mas agora de contente. Contente por ser essa, e não aquela, a minha gente.
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Um comentário:
Ahn? Páreo duro esses dois mundos.
Mando um Zero 4, pra vê se não entendi mesmo...
"Nada se compara ao meu último modelo de atitude..."
Beijão da Aline
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