Um dos meus maiores desejos, frequentemente, é pensar menos. Pensando menos, se deseja menos e conseqüentemente se sofre menos. Quase uma fórmula simplista trinária sobre o budismo. Pensando nisso, li uma crônica de uma moça que falava sobre a felicidade medíocre. Acho que combinar felicidade com medíocre sempre fica arrogante. O raciocínio geralmente gira em torno de coisas que eu também sinto mas que acho feio colocar desse forma.A tal bençaõ da ignorância. Aquela vontade louca de ser feliz apenas por ter um emprego de merda (se der dinheiro então, a felicidade é completa)e um namorado de merda que você nem gosta tanto mas que te ama loucamente, te enche de presentes, sua família ama e é louco para aguentar sua histerias quando ficar grávida.Para além disso, ter uma família grande que no fundo se detesta mas se reúne todo Natal para passar a ficha do ano e queimar alguns dos parentes. E é claro, ter um carro e um cartão da Rennner.... É o máximo você entrar no seu carro, cheia de sacolas de compras absolutamente desnecessárias, parecendo a moça da propaganda, linda e independente vestindo a moda secretaria Renner.
Não vou usar a idéia de felicidade medíocre. Vou dizer felicidade fácil. Porque nós, seres oriundos da classe média em geral(alta, média, mais ou menos, baixa em ascensão lulista...)com nível superior temos uma certa facilidade (relativa, sempreee...) para conseguir essas merdinhas de felicidade. Nóis se forma e se não desandar muito no submundo das drogas, tem grandes chances de manter o emprego e conseguir um financiamento do carro próprio e um marido, nessa ordem de importância.
Como ser feliz com isso? Meu Deus, é muito pouco perto do tanto de sensações deliciosas, coisas novas, gentes de todas as cores... A novela das oito, ter um carro, parecer bem sucedida só por ter qualquer marido... E o pior é que tenho impressão que é isso que muita gente me desejou quando me deu feliz ano novo... A felicidade fácil dos que se contentam.
De minha parte, desejo para mim mesma a felicidade difícil. Empregos que sejam trabalhos. Amores que sejam seres humanos e que se tratem com a dignidade e a igualdade que a relação merece.
E muitas gentes querendo buscar felicidades pelo mundo. As mais difíceis.
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2 comentários:
Catchola,
e ainda se manter forte quando seus amigos são abduzidos...
faz parte da felicidade difícil!
adoro ler seus escritos,
beijo
Carolzinha.
Querida Cath,
Acho que Marshall Sahlins (falando sobre as concepções "nativas" da sociedade ocidental capitalista) concorda com você: "tudo se reduziu à triste idéia da vida como um movimento em direção às coisas que fazem o sujeito sentir-se bem e para longe daquelas que o ferem. Digo "triste" porque qualquer um que defina a vida como a busca da felicidade tem de ser cronicamente infeliz." (A tristeza da doçura)
Bjs
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