O Vinicius foi meu primeiro poeta e sambista. Eu devia ter uns 14 anos quando o conheci e me apaixonei. Soneto de fidelidade, samba da benção, canto de ossanha, para uma menina como uma flor e por aí vai.... Depois arranjei um companheiro de bebedeira, amor e vinicius e então passavamos tardes cantando com o poetinha. Sempre fui meio trágico-romântica e sempre adorei o ar de amor melancólico meio ébrio do sujeito. E nunca o vi como um machista mas como um grande admirador das mulheres. Um amador. Não gosto de nenhum outro poeta que amou tanto suas mulheres de forma tão viva e concreta. Não são poesias de abstração, são de carne. Eu também já gostava de beber e escrever umas besteiras e ele era o ser vagabundo que alimentava minhas tristezas com a vida e com o amor... Hoje peguei umas músicas dele e fiquei lembrando desse encontro. Um dos grandes encontros pela vida..
Samba Pra Vinícius
Poeta, meu poeta camarada
Poeta, meu poeta camarada
Poeta da pesada,
Do pagode e do perdão
Perdoa essa canção improvisada
Em tua inspiração
De todo o coração,
Da moça e do violão, do fundo,
Poeta, poetinha vagabundo
Quem dera todo mundo fosse assim feito você
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer,
A vida é pra levar,
Vinícius, velho, saravá
Poeta, poetinha vagabundo
Virado, viramundo,
Vira e mexe, paga e vê
Que a vida não gosta de esperar
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinícius, velho, saravá
A vida é pra valer
A vida é pra levar
Vinícius, velho, saravá
3 comentários:
Muito bom seu blog...
Recado de primavera
Meu caro Vinicius de Moraes:
Escrevo-lhe aqui de Ipanema para lhe dar uma noticia grave: a Primavera chegou. Você partiu antes. É a primeira Primavera, de 1913 para cá, sem a sua participação. Seu nome virou placa de rua; e nessa rua, que tem seu nome na placa, vi ontem três garotas de Ipanema que usavam minissaias. Parece que a moda voltou-se nesta Primavera – acho que você aprovaria. O mar anda virado; houve uma lestada muito forte, depois veio um sudoeste com chuva e frio. E daqui de minha casa vejo uma vaga de espuma galgar o costão sul da Ilha das Palmas. São violências primaveris. O tempo vai passando poeta. Chega a Primaveira nesta Ipanema, toda cheia de sua música e de seus versos. Eu ainda vou ficando um pouco por aqui – a vigiar, em seu nome, as ondas, os tico-ticos e as moças em flor. Adeus.
Rubem Braga
O que eu mais admiro no Vinícius é que ele era paga-pau de baiano...
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