7.12.06

O indivíduo no coletivo... ou como justificar a própria covardia.

Ao que remete a idéia de lealdade? Em um mundo no qual constantemente temos nossa subjetividade massacrada pelo fato de efetivamente estarmos inseridos em uma sociedade de massas, como construimos nossos valores? O que norteia a relação entre o indivíduo e o coletivo ?
Por muito tempo e por muitas vezes, me vi passando por cima dos meus preceitos, das minhas vontades, como forma de não magoar o outro. No entanto, suprimir o que temos de nosso também não caracteriza solidariedade nenhuma, não denota exatamente compaixão (não no sentido de piedade, mas de compartilhar os sentimentos) com a dor do outro, mas com a nossa mesma. Assumir determinadas posições e ser sincero é muito penoso, não afeta apenas o outro. Dessa forma, não ser sincero, significa poupar a nós mesmos da dor de causar o sofrimento no outro. Talvez nisso, esteja a deslealdade. Egoismo e não fraternidade de nos enxergarmos no outro. No fim das contas é mais fácil omitir e abrir mão da responsabilidade.
Por outro lado, temos sim influência direta sobre o bem estar do outro, e portanto temos que medir a forma como somos sinceros e leais. Caso contrário, a lógica do "se deus não existe, eu posso tudo" prevalece e em nome de uma suposta fidelidade, machucamos despropositadamente o outro, quando poderíamos ter sido mais delicados, mais sutis, evitar sofrimentos desnecessários. Qual o limite?
Não sei, de verdade. Mas hoje, me sentindo um pouco traída por pessoas que, querendo poupar o sofrimento (talvez mais o deles do que o meu) me omitiram problemas e verdades das quais eu gostaria de ter participado, mesmo que doesse. Acho que tentei ser leal, tentei fazer um exercício de sinceridade comigo e com os outros. Mas devo ter aparentado uma fragilidade tão grande (quando somos sinceros, nos expomos, e quando nos expomos, muitas vezes demonstramos nossas fraquezas) que deve ter parecido mais fácil me poupar de algumas coisas. Mas o sofrimento poupado, quando vem à tona, vem em dobro, porque traz um sensação de marido traído, uma sensação que remete a fidelidade, a um aspecto moral e não emocional das situações. Enfim, hoje estou preferindo que me contem tudo, doa o quanto doer. Porque as situações, as tristezas passam. Porém, a mágoa de que, naquela situação, pessoas me foram desleais fica. Hoje estou preferindo os trogloditas individualistas do que os falsos solidários. A verdade no lugar da omissão. Com os meus sentimentos, lido eu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, lidar com seu sentimento É lidar com o do outro... Quero saber da tua vida. Tô na loucura insana de fim de semestre começo de trampo, aula no fim de semana. Mas quero te ver hoje!
Eu sou truculenta, mas com muito amor!
Raquel