7.4.08

Daruma X Mad Max




Fiquei pensando nesses dias todos na falta que faz a esperança.. No mundo não falta a utilização da palavra em nomes de falsas promessas ou legitimando canalhices... Criança esperança, esperança na educação que trará a redenção (e regeneração) da pátria, esperança no desenvolvimento, esperança de que um dia seremos de 1º mundo... Enfim, a esperança existe na medida em que ela é reivindicada como alimento para o conformismo. É como se a sua única função, fosse acalmar as pessoas que não tem nenhum motivo concreto para ter esperança.

Enfim, esperança sempre me soou como sinônimo de otimismo. E como já diz a máxima: Otimista é o pessimista mal informado. Logo não sou otimista. Logo, não tenho esperança.

Essa premissa é verdadeira, mas não constante e muito menos imutável.

Eu quero ter esperança. Eu juro. No sentido pleno, bonito, sem fatalismos.
Do ponto de vista histórico, não ter esperança, é acreditar no fim da história. É acreditar que o capitalismo é a forma social e econômica final. Que daqui para a frente, só o futuro Mad Max nos espera. Fudeu. A predação e selvageria venceu. O racionalismo estúpido triunfou. Socorro, não vou ter filhos nesse mundo desesperador...

Muito bem. Quem quer um mundo diferente tem que ter esperança. Por isso sinto tanta falta dela em mim.

Busco a esperança sempre. Mesmo que eu não consiga todo o tempo. E mesmo que ao conseguir, em determinados momentos, isso me dê um ar de boba alegre.

Dias atrás comprei um daruma.É um bichinho japonês que vende em toda a esquina no bairro da Liberdade. O bichinho tem dois olhinhos brancos. A idéia é a seguinte: Fazemos um pedido, pintamos um olhinho e deixamos o bicho de gesso inerte exposto em algum lugar bem visível. Quando o pedido se realiza, pintamos o outro olho como forma de agradecimento.

O Daruma é o símbolo da esperança e da perseverança. A lógica é bem simples. Se guardarmos o dito cujo na gaveta, ele perde sua função que é lembrar o desejo. Lembrando, fica mais fácil não esquecer o que a gente quer, do que a gente gosta.

É mais ou menos esse o exercício diário de quem quer ter um pouco de esperança: Não esquecer que ainda existem gostos, desejos e beleza. Se elas forem para o fundo da gaveta, se não ficarem expostas, são esquecidas e não se realizam. Em nenhum momento.

Dessa forma, sei que, na maioria das vezes, são restritas as chances de se pintar os dois olhinhos do Daruma.
Todo o sistema maldito pautado no fim do sonho e na supremacia do mercado sobre o homem, exige todo dia que não pintemos mais nehuma esperança, nenhum olhinho.

Afinal, o que é um desejo, a beleza, as boas coisas que ainda existem, perto da desgraça anunciada que é a permanência do capitalismo?

É um olhinho do Daruma. É só pra gente não esquecer o quer e do que gosta.
É só para gente não perder a esperança de que a história não acabou.

4 comentários:

Lia Kayano Morais disse...

ai, vou comprar um desse pra mim também! amo você querida!

X disse...

É um olhinho só... mas aponta pra nós e nos acusa.
Beijo,
Shis.

? disse...

Oi neguinha!!
C viu só q coisa maluca?! hehe...
Achei engraçado!
Eu vou fazer prova de proficiência em espanhol dia 18 de abril, sexta feira que vem. Conto com a ajuda de São Thiago de Compostela...rsss
Tentei te ligar esses dias, mas tava desligado. Aí sempre que penso em te ligar de novo imagino que posso te atrapalhar em algum discurso histórico....rsss
Quando você vem pra Piedade? A gente tem que tomar umas minina... sinto a sua falta!
Muito bom teu texto... me resta só uma esperança: a de um dia alguém me dizer que eu estava errada por não ter esperança... hehe
Beijo e amor procê flor!

X disse...

:)