23.10.06

CPTM

No trem da CPTM, os casais se amam
Ainda é cedo, o frio pega
e o trem apita
Avisos do mundo proibem o cigarro
Do jeito que as coisas vão
Um dia ainda irão proibir o amor
Mas os casais resitirão
Como os fumantes que se
acocorutam no cantinho da estação
É o ponto de encontro
entre Rio Grande da Serra e o Tucuruvi
Entre o trabalho mal pago,
a caçhaça e a roupa barata
Na luz do mundo inerte
o amor e os casais resistirão
Eles precisam resistir
Eles precisam existir
Por nós, por todos a quem o coração
transborda logo cedo na estação
Eles precisam lembrar a todos
que a vida é mais do que o sono
e o choro contínuo da raiva matinal
De quem nunca escolheu muita coisa
De quem carrega a marmita de um lado
e a vontade de outra
De quem carrega a dor contida
dos amantes no adeus
De quem só quer que o tempo passe
e o abraço e o cheiro de outrora voltem
E que só quer voltar para o trem,
de onde ele te trouxe
angustiado para onde ele te leva.
Devolvendo o que de manhã, a vida,
o trabalho e o trem lhe roubaram.

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