16.8.06

Um por todos

Dia desses, me entupindo de café na sala dos professores sionista que frequento, olhando as coisas de sempre, jornais, revistas, bobagens, cronogramas de aula, dei de cara com os seguintes escritos sobre o sofá... Um por todos. E eis que descubro um poeta via professores de portugues desorganizados. Um por todos é o nome do livro de José Paulo Paes... vai ver que muita gente já conhece... mas eu nunca tinha visto e adorei. E também, aproveito para deixar o Manuel Bandeira em paz e não encher a meia dúzia de fiéis leitores. A Frida e o Che andam dizendo que estou repetitiva, a Aline não fala mais sobre o assunto e o Bola anda entretido com as comemorações do blog de um pessoal que mora lá na casa dele....

Poema circense

Atirei meu coração às areias do circo como se atira ao mar uma âncora aflita. Ninguem bateu palmas. O trapezista sorriu, o leão farejou-me desdenhosamente, o palhaço zombou de minha sombra fatidica


Só a pequena bailarina compreendeu. Em suas mãos de opala, meu coração refletia
as nuvens de outono, os jogos de infância, as vozes populares.

Depois de muitas quedas, aprendi. Sei agora vestir, com razoável destreza, os risos da hiena, a frágil polidez dos elefantes, a elegância marinha dos corcéis.

Todavia, quando as luzes se apagam, readquiro antigos poderes e vôo. Vôo para um mundo sem espelhos falsos, onde não há aplausos, porque tudo é justo, porque tudo é bom.



Madrigal

Meu amor é simples, Dora,
Como a água e o pão
Como o céu refletido
Nas púpilas de um cão


Drummoniana

Quando as amantes e o amigo
te transformarem num trapo,
faça um poema
faça um poema, Joaquim!

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