14.11.06

Ausência

Por muito tempo, ouvia teu nome e tudo latejava, perdia o sentido, estremecia... tristeza de saber pelos outros, de ter notícias longe de mim, sem que você me contasse, e muito menos que eu participasse. O estomâgo doia, a cabeça bagunçava e, chorona que sou, me debulhava em perguntas, nos porquês que nunca seriam respondidos, mas cuja solução é bem simples: Sente-se ou não amor, e na ausência desse, não há o que fazer, nem pelo que lutar. Pior para quem não entendeu, insistiu e sofreu. Pior para quem amou sozinha por tanto tempo. Para quem teve sua dor como companheira...
Mas depois de tempos, quando o nome volta aos ouvidos por uma dessas coincidências da má distribuição de renda, vem o alívio de não doer. Não disse não sentir, porque fará parte da memória. Mas não dói, não lateja, só faz parte de mim. E fará sempre.

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

C.D.A

2 comentários:

disse...

Até que a gente vai preenchendo uns espaços, e a ausência vai embora. Juro!
A ausência não é uma, são várias. Ela não é uma entidade é um estado de espírito, como tantos outros. Às vezes a ausência se torna essa entidade quando a transformamos numa sensação utilitária. Serve, sim, para preencher espaços, ocupar lacunas. E a usamos, manipulamos a favor da nossa vontade de não abandonar. A ausência é uma coitada.

disse...

Ah, e cadê você que não apareceu?? Prá mim que sou "truculenta", isso sim é que é ausência!