18.10.07

Hoje foi aniversário do meu pai. Liguei para falar parabéns mesmo sabendo que ele talvez não faça idéia de qual o dia exato do meu aniversário, e que, em decorrência do afastamento, eu também tenha esquecido o dia dele. Me lembraram e então eu liguei. Nos falamos por exatos 35 segundos. E foi o máximo que conseguimos conversar nos últimos meses....
Entretanto, esses 35 segundos me comoveram tanto, que me lembraram o quanto eu já gostei, gosto e admiro esse sujeito. Um cara bronco, um ogro que mal me conhece. Mas que, mesmo distanciado, opaco, me ensinou coisas como ombridade, dignidade e vergonha na cara.
Eu poderia muito bem odiar nossa história e dizer o quanto ele me faltou nas coisas básicas como carinho, compreensão, ou simplesmente, o quanto muitas vezes esqueceu o dia do meu aniversário.... Mesmo assim sou incapaz de tal acusação porque mesmo com todo o rancor, o amor existe para mim de forma tão clara que, para outros, isso só poderia ser explicado do ponto de vista daquele amor imbecil, incondicional, que somente a família é capaz de manter.
E não é isso.
Não é tão simples.

O ogro me inspira raiva, mas também um respeito e amor tão grande (respeito por carinho, e não pelo patriardo), que simplesmente não pode ser explicado.
Me comoveu perceber que ele se comoveu com a minha voz. Só isso me basta.
Eu também não sei quem ele é. Como sente determinadas coisas e o quanto o meu jeito de ser também o agride.
Mas não consigo simplificar e reificar a situação dizendo que ele é uma merda de sujeito e de pai.
Talvez chamá-lo de insensível o enquadrasse em uma categoria que me permitisse racionalizar todo o resto.... ( dá até pra justificar uns poblema por conta disso).

Só que ele não é só insensível, nem só quadrado, nem só ogro, nem só digno, nem só engraçado, nem só ausente, nem só nada....

Ele não é nada disso e é também tudo isso.

Ele é.

Nós somos.

E é isso que me parece tão díficil, na maioria das vezes, de entender.

As pessoas são bem mais e a gente não faz idéia do que é a existência do outro....

5 comentários:

disse...

hum, entendi.
passa aqui na anpuh
Bjocas

Anônimo disse...

Ah, então deve ser que nem os meus aqui, onde o povo nasceu meio feito de pedra. Mas isso é muito bonito... nénão?

Tem gente assim, desce rasgando!

bjos,
Carolinha.

Anônimo disse...

Eita Cassinha filósofa.

Difícil admitir às vezes, mas gosto bem de ser cria de ogro.
Moderninha tem que ser eu. Gosto dos pais monossilábicos.
O meu falou uma vez que esse povo sai matando gente porque enche a cara de maconha.
Prefiro assim do que fumar um junto... vai entender...
Beijão querida da minha vida,

Aline

Angelamô disse...

é
Feliz aniversário para aqueles que vieram antes de nós, nesse mesmo busão chamado: Família.
e que eles durem muito, o suficiente para a gente entender pelo menos um pedacinho, deles ou de nós mesmas
Amor

Anônimo disse...

ai que lindo!
É mulher, se amar fosse fácil, todo mundo era