11.12.07

Primeiro dia em que me senti de férias... Normalmente, semanalmente, a terça- feira é um dia em que falo feito uma radialista louca no breve período entre 9 da manhã e 7 da noite. Saio rouca, mal humorada, não consigo ler... E quanto mais trabalho, mais dá vontade de beber no fim do dia. Nunca consigo ir para casa na terça - feira...
Hoje não... acordei tarde, tomei um café meio esfumaçado demorado, fui até a feira comprar peixe ( e voltei correndo... gosto, mas me atordoa), dormi um pouquinho, li um texto e depois me joguei em um romance que está há um tempo me olhando da prateleira.
"A Dor"- Marguerite Duras. Adoro romances de fundo histórico militante, e esse é biográfico. Principalmente aqueles da série que tem amores entre companheiros comunistas. Esse é outro. Sobre a resistência francesa.
No entanto, depois que a moça sofre metade do livro esperando a volta do seu companheiro preso em um campo de concentração, toda a agonia pós desocupação da França pelos exércitos nazistas, todo o desespero de não saber se o moço está vivo ou não... O que mais me impressionou, foi a segunda parte.
A mocinha quase fofa do começo, tortura violentamente um delator colaborador da Gestapo. Impressionante. Parece outra pessoa. Brava. Sem pena.Com ódio. Dura. Faz o que tem que ser feito e acabou.

Parei na última parte, quando ela começa a se relacionar com outro companheiro. Não consegui.

Não consegui parar de pensar se eu seria capaz de torturar alguém. Mesmo que esse alguém seja um filha da puta. Achava até agora a pouco que tinha uma listinha de pessoas que eu mataria com requintes de crueldade por questões pessoais e políticas sem pestanejar. Já não sei mais.

Se acho tão certo que algumas pessoas não merecem viver (e eu acho), então teoricamente, deveria também ser capaz de executar tal função, com os meios que precisar.
Mas hoje, pensei que nem com todo minha raiva acumulada, eu seria capaz de algo tão violento. Talvez fosse capaz de matar com arsênico, tiro na nuca ou coisa assim. Mas tortura é outra pegada.

Me senti covarde. Não é porque não temos agentes da Gestapo pelas ruas, que vivemos em um mundo muito melhor.
E se o caos chegar? E se eu precisasse pegar em uma arma? Ou pior: ter nas mãos alguém que sabe e precisa falar.
Por agora, tudo bobagem da minha cabecinha que vive um pouco no mundo de agora, um pouco no mundo da literatura .

Mas e se fosse uma guerrilha? Será que eu pediria para ficar só na ala da enfermagem?

5 comentários:

disse...

ou, como diria um amigo nosso: "Se a revulação rolasse eu ficaria com a educação de base, deixa as armas prá quem tem os dom"

Paulo Salvetti disse...

Oi meu amor, de férias, envolta em romances, preocupações menos prosaicas, bom né? Eu também estou, acordei hoje, fiz chá verde, fiz alongamento, escutei músicas, pensei sobre o futuro. cho que sou mais feliz sem ter que dar aulas. Acho que todos somos. Te amo e to com saudades. Acho que irei para Piedade dia 22. Vou levar meu Joaozinho para você conhecer. Beijinhos.

Anônimo disse...

Cá, concordo com a Raquel, álias adorei o comentário dela...rsss, "orna" com o meu espírito... rsss
Mas, já que está de férias dá uma ligadinha pra Dani, pra gente combinar de jogar sinuca por aqui, uma sinuca mais amadurecida, rsss...
Muita pesquisa por aqui!! Já te aviso que tenho substrato para um doutorado sobre a nossa terrinha!!!
Piedade de nós!!!
saudades pra caralho!
Bjos
Dani.

? disse...

Ah, tb mandei a bibliografia do meu mestrado no teu e-mail, aliás, tentei três e-mails, tomara que chegue... e que possa contribuir de alguma forma, ou geográficamente, para o teu estudo!
Bjos
Dani.

Paulo Salvetti disse...

cá, mudei meu blog
me visite
http://palavradoolhar.blogspot.com/
deixa recadinhos, tá?
beijos