21.8.08

Politica I

Faz tempo que não falo de Piedade... Mas tenho sentido falta de estar mais lá nesses tempos. Na verdade são as eleições. Sempre fico com vontade de conviver mais com a cidade quando começam as disputas para o pleito municipal. O bar fica parecendo uma Àgora, todo mundo vira um cidadão e dá pitado sobre os candidatos e administração atual. Um puta clima politizado.

E nesse ano tudo está ainda mais legal para mim: Meu pai, depois de muitas eleições, se retirou da cena política piedadense. Não sou mais filha de candidato, e logo não vou ser mais filha de vereador. Não que hoje em dia me incomode tanto, mas na adolescência era um inferno. E olhe que eu nem era do PT. Em época de eleição sempre rolava aquela intimada de bar, no calor das discussões políticas:
-E aí, e o seu pai?
- Que tem meu pai?
- Você vai votar nele?
- Não sei.
- O cara está com o Tadeu (PSDB), mas é seu pai.
- Pois é, seu eu pudesse não deixava.
- Imagina se você não vota nele e ele perde por um voto?
- Puts, que merda.

Essa conversa era tão freqüente, que não tinha como não ficar pensando. Em Piedade, dado o número de eleitores, é perfeitamente possível alguém perder por um voto. E no fim, na hora, eu sempre votava. Votava, antes escrevendo Camarão na cédula, e agora, no tiozão da foto que aparecia na tela da urna.

Em outra ocasião, os vereadores resolveram, como é de praxe, aumentar o próprio salário. Cidade em polvorosa, a galera achando uma vergonha. Na escola todo mundo falando, puto. Até que um professor, de História e do PT (craro), resolveu levar todo mundo para a Câmara na hora da sessão. Foi a coisa mais punk que eu já vi em Piedade. A molecada tomou o lugar, e jogaram até sofá pela janela. Todo mundo empolgado, escutando as justificativas dos vereadores. Eu naquela puta situação desgraçada, meio no canto, dava um grito e depois me escondia no fundo. Até que meu pai foi abrir a boca (ele tinha votado contra, ufa....) e um menino do meu lado, que eu á não trombava muito, levanta no meio da fala dele e grita:
- Ladrão... Você é um ladrão como todos esses outros daí.
Meu pai parado, olhando para ele. Um mamute chucro e enfurecido olhando para um menino de 16 anos que a essa altura já estava visivelmente assustado.
- Sua sorte moleque é que você é de menor, porque se não, eu descia daqui agora e aí você ia ver quem é o ladrão.

Nossa... O menino fez um B.O contra o meu pai por ameaça. E eu admito que dei uma queimada de leve com o cigarro no figura. Foi horrível ver alguém xingando o meu pai de ladrão. E mais horrível ainda ter que ficar acuada e não poder xingar o pai dos outros livremente, como é a parte divertida de qualquer manifestação.Porra, por que tinha que ser logo o meu pai no meio daquela palhaçada toda?

Outro dia fui tomar uma com a galera de lá. Saímos do bar do Mineiro (porque toda cidade de respeito tem que ter um bar do Mineiro) e fomos para o bar da Preta Véia, que fica no meio do nada com lugar nenhum, cercado com muito mato. E assim podemos fugir da maldita lei do psiu e fazer um som. Aí chega o Zezé, amigo do meu pai e tocador oficial do violão de 7 cordas. Conversa vai, conversa vem...

-Ô fia, dessa vez seu pai não vai não né?
- Pois é Zezé, cansou, tá precisando cuidar da vida.
-E você, vota em quem?
-Poxa, no Baitaquinha né, lógico.

Tô em campanha... Se tudo der certo, o Baitaca, meu candidato, terá uma trajetória “a la Lulão” e em mais 3 ou 4 eleições ele vai ser prefeito.
Hehe.

Um comentário:

Unknown disse...

Cassinha, lembrei-me de muita coisas dessas épocas e lembro-me de te questionar sobre o seu pai...dei muita risada com o lance do camarão falando aquilo pro guri...saudades de piedade e do seu povo politizado (craro!)...rs