31.5.09

O toyotismo e o prazer ...


Me impressionam todas as contradições da vida que levamos. A irritação vem primeiro por percebê-la e depois por não entender qual é a graça... Não posso ser o parâmetro mas esse bando de gente que anda por aí se comportando de forma tão igual também não pode não...


Ocorre é que equipamentos digitais de registro me causaram uma raiva tão grande de pessoas que nem eu acreditava... Pensa só: A maioria das pessoas, principalmente os jovens, passam a vida idolatrando a tecnologia, o novo, o moderno, aquilo que realiza mais rápido, quebrando a maior parte possível das etapas tradicionais do processo. Tudo é pelo novo, pelo instante.


Mas ao mesmo tempo, o fascinante também é guardar, preservar, evitar que se perca. Tudo é tão fugaz e superficial que perdem a sacralidade. O prazer não é estar ou viver... mas poder mostrar e provar que se esteve e se viveu.


É mais ou menos como estar diante de um puta show, com o Mano Brow e outros cantando na sua frente e a galera ficar mais preocupada em filmar e fotografar do que em aproveitar a parada. E é claro que não se tratam de uma ou duas fotos, nem de um minutinho de filme. Trata-se de ficar o show inteiro com a porra da maquininha levantada na sua frente e ainda me proporcionando caras feias. Afinal, eu estava dançando e atrapalhei uma bela filmagem quando esbarrei no ser que quase subia na minha cabeça para enquadrar melhor o palco no seu belo celular hara-hara.


Sinceramente não aguento mais ir a shows ou qualquer espaço com um bando de japoneses toyotistas de espírito. Com a lógica da produtividade: Preciso ser útil, preciso aproveitar tudo, não posso deixar esse momento ser único em minha vida... Quero revivê-lo amanhã, e depois e depois e mostrar para todo mundo o que sou capaz de fazer e como minha vida é interessante.


Qual o problema de ver uma única vez daquela forma? Cada vez que o Mano Brow subir no palco vai ser de um jeito. Não é isso o fascinante?

Não. Ando achando que para um galera bem grande, o legal são as capacidades tecnológicas de seus respectivos equipamentos casas bahia. Foda-se a arte, bacana é como minha câmera é capaz de guardá-la só para mim....


3 comentários:

? disse...

Pois é Cá... fora essa "onda" dos digitais... percebo que as pessoas perdem cada vez mais o seu valor enquanto seres humanos, para depositarem nos materiais que possuem a sua incapacidade de SER ... e prevalece então o TER... ontem fui fazer uns roles de moto com o moço professor de alemão... estavamos no Itaim e resolvemos parar num boteco (se é que existem "botecos" por ali)... e fiquei surpresa com a quantidade de carros importados e motos gigantonas que paravam na frente do bar... o Giovanni disse: - aposto que somos os mais pobres daqui! rss... e eu respondi pra ele: - com certeza! mas eu aposto também que temos mais valores e mais inteligência do que a maioria daqui!
Eu fico, sinceramente, impressionada com a capacidade que um carrão importado tem de impressionar pessoas... eu queria botar fogo neles pra ver como a galera ia se virar... hehe ... seria como deixá-los nus no meio da rua!!
aff... eita mediocridade dominante! que horror!!
Sdd d'ocê!
bjs

*Ah!! Olha que ironia!!! Conheci sua casa! rss.. e nao vi voce! :(

disse...

pensei seriamente nisto neste final de semana... Fui prá jundiaí e minha mãe ganhou o Iphone, que tira fotos, faz música, tem mapa e bate punheta. Ela passou o final de semana inteiro tirando foto da Diana. Não trocou fralda, não fez para de chorar, não foi passear com ela prá mostrar o mato, não pediu risadinha (só prá pose prá máquina)... Só queria mostrar pros amigos que tem neta, mesmo que só veja pela lente (?) do celular. Esse mundo tá maluco. E, cara, tenho umas 15 histórias bizarras dessas prá contar, como um grupo de japoneses que subiu o monte roraima...

Brasil Empreende disse...

Ola visitei seu blog e gostei muito e gostaria de convidar para acessar o meu também e conferir a postagem de hoje: Toyota – Empresa do Século XXI supera crise.
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Atenciosamente,
Sebastião Santos.