12.2.07

Aprender a olhar



"Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim."

Cecília Meireles

Hoje estou tentando descobrir como olhar o mundo. Tudo tão esquisito, mal vivido, que não sei nem se estou contente ou triste. O cabelo nem enrolado nem liso, a vontade nem assumida nem escondida, e essa maldita espinha no queixo que não me permite olhar o que tem atrás. Não sei se é drama, ou se realmente tenho um problema sério. Não sei mais se devo me levar a sério, nem a quem levar a sério, nem se levo alguém a sério. Quando me olho, não percebo o errado, apenas o ser vivido, sem viver. Olho para mim e não percebo nada. E quando olho o mundo tenho percebido apenas um otimismo duro. Otimismo porque há muito o que fazer e duro pelo o que é ser humano, pelo trágico-belo existir.

Hoje não sei se as pequenas felicidades existem e eu não consigo enxergar. Não sei de nada, tão vazia, que parece que tenho que reapreender. A falar, a me relacionar, a pensar a vida cogitando a existência do amor. Esse que por vezes, deixa a paisagem da janela tão bonita.

Hoje, assumo que não tenho coerência. Nem eu, muito menos o que escrevo.

Hoje só queria ver tudo mais bonito. E me sentir menos sozinha no meio de todo mundo.

Da próxima vez, se eu puder escolher, quero é ser engraçada.

2 comentários:

Angelamô disse...

Às escadarias

A brisa delicada me chama
para ver a beleza da tarde
caindo pela janela
Meu coração está feridinho.
Longe de ser de morte,
o golpe me tirou, muito rente da carne,
a crosta de ilusão que o encobria
(...)
A brisa delicada me beija o rosto,
me reconhecendo
me flagrando pensando nesses versos no meio da sala.
A brisa encontra-me desarmada,
embora triste
Vê o nome do amor na ´´arvore frondosa,
sofrendo de uma poda mal dada,
desferida sem cuidado num importante galho.
Aceito no entando seu convite
(ai de quem recuse convite de brisa)
Senti seus dedos refrescantes
me levando até a janela
Seu sopro
Seu bafo alegre,
e lá estava firme e bela,
a tarde caindo pra dar passagem à noite,
talvez nublada,
talvez estrelada.
Anoiteceria,
mas a tarde não se importava.
Na hora certa,
lá estava a tarde me ensinando a cair,
sem sofrer,
me ensinando a por me bela,
como quem larga um póuco as rédeas da vida
e deixa a vida jogar seu jogo,
tantas vezes grandioso,
e tantas vezes minúsculo.

O convite da brisa
me deu foi lição de crepúsculo.

Elisa Lucinda

Amor e beijos

Anônimo disse...

Cassinha, eu te acho engraçada. Mas mesmo quando é muito difícil achar graça das coisas... ce já sabe, é nóis...
Logo as coisas melhoram pra você falar do seu porãozinho particular morrendo de rir...
Beijão