Hoje me lembrei, tentando comprar uma roupa para um casamento, de quando eu tinha vergonha e muita raiva de ser mulher.
Dos peitos que apareciam
e não cabiam
da vontade de sumir quando alguém me olhava
do ódio profundo do mundo e de mim quando me vi vestido como um bombom numa festa de formatura
e de como na festa, fiquei bêbada de vergonha, não de alegria
e de que a formatura era a minha!
e que chorei em muitos provadores de lojas
até comprar qualquer coisa para aquela tortura acabar.
Assim virei um bombom preto, de cabelo esticado e cara pintada.
Tudo para tentar ser igual porque não aguentava mais me sentir diferente
para passar desabercebida, para ser mais uma
Antes ridícula do que o destaque da escola de samba
Hoje quando vesti coisas feias, que todo mundo diz ser bonito, tive a mesma sensação de ridiculeza.
de feiura
de violência
de opressão estética
de canseira de um mundo tosco que te mede por esses valores...
e decidi que uma calça e uma blusa bonita e discreta são uma saída sóbrea no meio daquela aberração estética e fugaz, coloridez cafona, e decotes que não cabem nem um dos meus seios.
E sapato sem salto, claro.
E dessa vez, encher a cara com velhos amigos, contente, sendo só eu.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Calma Catholinha, pode ser que você só foi na loja errada... existem roupas não-sóbrias bonitas, que não têm nada a ver com bombom e nem com destaques de escola de samba... e que valorizam seios bonitos como os teus. Beijão, vamos fazer alguma coisa bem legal?
Aline
Vamos hoje, nega.
Pra encontrar o seu vestido, aquele que você planejou e que vai te fazer mais linda ainda.
Bj
Cathiola
lembrei de você
"Comprei um sapato lindo número trinta e nove
sendo que calço número quarenta e dois. Andei
muito a pé, adoentei-me. Pra acalmar os pés e não repetir esse ato insano fiz uma salmoura de água quente e ensinei crianças e adolescentes que não se vende o próprio sonho" (Maria Tereza)
Bitoca nêga.
Postar um comentário