12.1.09

Um salve para os passarinhos ....


...que animaram minha insônia. Não sei o que aconteceu. Talvez a estranheza com a cama, com o silêncio, com o mimo de mãe, com o beijo na boca... Talvez preocupação com a vida que por vezes continua tão ordinária. Acho que eu não mudo muito faz muito tempo. Mas agora posso acordar em uma segunda -feira em Piedade com café da manhã na mesa e caminhada matinal para compensar a bebedeira de ontem... Beber domigo em Piedade, com a companhia de muitas das pessoas que eu realmente levo a sério nesse mundo é realmente um grande evento. Aliás, não trabalhar na segunda-feira é para deixar qualquer um de bom humor.

Eu não mudei mas as coisas se aliviaram. A dor não sumiu mas já é quase só mais uma parte da vida. Ficar gente grande acalma a alma. Talvez tenha sido isso o que mais pensei enquanto ouvia os passarinhos...
Além disso ficar gente grande dá outro tom para as mesmas coisas. Não bebo mais nem menos do que antes. Aliás, acho que bebo menos. Já nem gosto mais de rabo de galo. Mas agora posso até chegar evidentemente sapecada (essa também é para os leitores locais) em casa porque as pessoas já se acostumaram. Se preocupam mas se acostumaram.

Cheguei cedo em casa mas cercando frango... Minha mãe me esperando. E eu esperando a bronca porque ela viu que eu fui para o bar às onze da manhã. Eram onze da noite.

Faladeira e respondona... feliz e reclamando. E a mãe ouviu e deu risada. Me obrigou a comer um lanche e beber alguma coisa não alcólica. Medidas de mãe que salvaram minha vida.
Ela riu tanto... Eu ria e chorava.

Hoje quando enjoei dos passarinhos fui tomar café... tinha até mamão cortado. Há quanto tempo ninguém corta o meu mamão? Aliás, eu nem como mamão...

Estranho ser mimada depois de velha. Da minha vida só eu cuido faz muito tempo. Quando muito a mamãe companheira Raquel me comprava coca-cola quando eu acordava triste de ressaca.

Aqui a vida parece tão calma e tranquila que me assusta. Minha mãe me mima, a vida é barata, os passarinhos cantam e já encontrei um monte de gente só indo tomar um café e comprar jornal. Agora tem até café expresso. O bar é o mais legal do mundo e tem sambistas amigos para tocar as músicas da minha vida e me deixar com vontade de chorar. Do que mais que eu preciso?

Não sei... Não sei mesmo. Hoje estou tão feliz aqui que ando esquecida de que eu não fui embora de Piedade.
Eu fugi.
Fugi de lembranças e de fantasmas.
Hoje eles sumiram. Mas se eu ficar por aqui muito tempo, eles me acham de novo.

Sinto Piedade... Mas acho que vou ser sempre a filha que vai te levar no nome para onde for. Mas que não vai ter coragem de voltar para o teu conforto.
Sinto Piedade... Mas se hoje você é boa comigo é porque em muitas outras vezes você já me fez chorar muito.
Agora não precisa mais gostar de mim. Porque agora eu também gosto do mundo. O mundão grande que não me acolheu tão bem mas me deixou ficar.

Mas apesar de tudo Piedade, vezes e vezes penso em fazer as pazes. Quem sabe ... Quem sabe isso aconteça um dia e aí eu trago os meus filhos para você criar.



4 comentários:

jubs disse...

ai Cassinha! que saudades e que texto bunito, sem piedade! hehehehe quase que choro..

beijocas

Anônimo disse...

Cassinha, já pra cá!
Que mané interior bonito com passarinho cantando pir pir pir... sabiá daqui canta melhor...

Beijão,

Aline

disse...

ai de você se não lembrasse de mim e dos meus mimos!!!! Sabe que meu coração já era de mãe, agora, então, nem se fala!
Ainda tá em Piê? Qdo voltar, manda uma mensagem que levo a coca-cola.
Bjos e saudades

? disse...

Ah... que gostoso Cá!!
Que vontade de sentir como você... mas não consigo...
E olha que a vida de proletariado aqui na "capitar" tá acabando comigo... tá foda...
As vezes acho que se vive melhor aí mesmo... mas... meu espírito não deixa...
saudades
Dani.