3.1.08

Mais um ano...

Particularmente não gosto tanto assim de rituais de passagem. Nesse ano, quando chegou o dia 31, fiquei ouvindo todo mundo fazendo pedidos, falando que ano que vem tudo será diferente... Como acabo sendo sem querer aquele tipinho de gente que leva tudo ao pé da letra e não entende piada, esses comentários me soavam quase como ofensas ao bom senso.
Não, as coisas não vão ser diferentes, o mundo não vai mudar muito, e normalmente o que muda é pra pior. E provavelmente as coisas mais emocionantes do ano serão as eleições municipais.
Admito que estava rolando um mal humor. Comunidade caiçara que quer ser capitalista e não consegue, muita gente acampando, menstruação fora de hora em um lugar que vende apenas o básico do básico para a sobrevivência, tipo gelo e repelente... E tinha acabado o gelo.
Enfim, a chatice toda era por não entrar no clima de euforia que reinava na praia afastada, porém lotada. Fico sem graça, me sentindo meio estúpida pedindo coisas para o sobrenatural, até porque pensei, pensei e não consegui pensar em listinhas para Iemanjá. A paz mundial e o fim da fome me parece absurdo demais para uma entidade só...

Bom, no meio de tudo isso, um garoto se afogou na praia. Nunca tinha visto alguém morrendo na minha frente. Ainda mais um menino que não devia nem ter 20 anos, e de um jeito absolutamente do além, com o mar calmo e os amigos todos em volta. Mas ele sumiu e quando o acharam, o mar já tinha vencido.

Na hora das sete ondinhas, só pensava nas pessoas que o amavam. Ele já não me importava mais porque simplesmente não havia o que fazer. Mas naquela festa toda, eu tinha visto a cena que acabou com as expectativas de um ano feliz para uma mãe, um pai, uma namorada, e sei lá mais quem aquele menino podia ter na vida.

Bom, depois da bebedeira, da saudade imensa de algumas pessoas que me tomou no meio de toda a comoção de terminar a noite sentada na praia olhando para o mar, consegui finalmente pensar que tudo o que eu quero para esse ano, é não perder nenhuma das pessoas que eu amo e continuar a viver com elas, do jeito que todos nós somos.

O resto a gente ajeita. Só não se arruma o que o mar leva, ou no coração se parte. Enfim, só não tem mais jeito, se o amor não der... hehe

3 comentários:

disse...

eu gosto de planejar e não cumprir. Faz parte do ritual e eu planejei um monte de coisas só prá depois falar "eu só me decepciono".
Bjos e até loguinho

? disse...

Pois é Cá.... fizemos o mesmo pedido!
Estou te esperando pra tomar uma cerveja. Tenho novidades! Coisinhas...
Bjo.
Saudades,
Dani.

Anônimo disse...

Querida
Muito amor pra vc, um ano novo Feliz e poraue nao melhor que o que passou!
Rituais servem pra isso, fingir acreditar e acaba acontecendo

Beijo e saudade
Cuqs