13.1.08

Moças e camas de casal

Domingo me parece um bom dia para devanear sobre besteiras absolutamente especulativas e sem nenhuma comprovação científica. Aproveito então para formalizar minha teoria baseada em observações de pouco alcance e no famigerado método noffs, ou seja, análises e generalizações baseadas em mim mesma. Acho que o título pode ser: " Moças sem marido com uma cama de casal. Uma faceta da mulher pós-moderna". Puts, acho que com um título desse ou algo assim, eu posso escrever qualquer merda dentro porque já venderia horrores na Livraria Cultura ou da Vila, por exemplo.

Poderia começar...

"Acordei e percebi que estava atravessada em posição diagonal sobre a minha cama, como há tempos não fazia. Naquele momento, percebi o espaço vazio que a pouco estava ocupado, e fiquei pensando o que significava aquela possibilidade, criada por mim e pelo meu tempo, de poder ocupar ou não um espaço que de qualquer forma é meu. Não me foi me dado por ninguém, muito menos por uma sombra de família e casamento que normalmente habita os quartos da sagrada e convencionada sociedade católica. Naquele quarto havia uma cama que sugeria um casal, mas que abrigava uma moça, e apenas eventualmente, um moço."



Eu me divertiria horrores. Mal saberiam os leitores da profundidade daquele momento, da cama antes ocupada e agora vazia: Fazia muitos e muitos dias que eu havia lavado uma quantidade astronômica de roupas que, depois de secas e recolhidas, passaram a habitar a metade da minha cama. Voltei a ter uma cama de solteira por puro esculacho. Mas isso foi em 2007, outra vida... Voltar a ter uma cama de casal foi o primeiro projeto já realizado em 2008.

Bom, penso que as moças sem marido e com uma cama de casal, constituem um grupo dentro do universo de mulheres diretamente beneficiado pela expansão do mercado de trabalho feminino mais ou menos qualificado e destinado ao nosso meio, a tal da classe média. Pagando suas contas, esse grupo conseguiu admitir que mulheres possuem sexualidade independente do fato de serem ou não casadas. Combatem o valor moral agregado ao tamanho da cama. Por exemplo um absurdo chamado cama de viúva, que não é nem estreita como a de solteiro e nem larga como a de casal. Ou seja, eu sei que você não é mais uma mocinha que sonha com seu amado em lençóis brancos do seu quarto que ainda preserva o ar infantil, mas também não venha me dar uma de putana e colocar um macho aí. E se colocar, tem que ser apertado, desconfortável já para não dormir. Ou alguém já viu uma cama de viúvo?

Não somos mais aquelas mocinhas que moram com os pais e ficam ansiosas para que o namorado possa, um dia desses, levá-las ao motel, a única possibilidade de transar tranquilamente, inclusive com o raro luxo de ter uma cama. E no caso de mulheres que já dividiram a cama, mas voltaram para seus latifúndios, este não representa apenas a marca de que ali já houve um casamento, nem passa a ser a cama de um dos filhos (obviamente não nos casos em que não existe outro lugar para um dos pequenos dormir, diga-se de passagem, o mais comum), e sim a cama de uma mulher que tem todo o direito de colocar seus namorados, quantos sua moralidade permitir e seu desejo chegar.

Claro que nem tudo são flores. Moças sem marido com uma cama de casal por vezes, acabam ficando um pouco egoístas e espaçosas. Um dos sintomas disso, é uma grande dificuldade em se adaptar à nova divisão do espaço propugnada obrigatoriamente por um relacionamento. Rola um inconformismo sincero quando se acorda com a cara na parede, observando os três palmos que lhe sobraram do seu latifúndio. Olha-se para o fulano ou fulana esparramado por todo o resto e só uma ternura profunda poderá ser o visto de permanência daquela pessoa que conseguiu se aboletar ali.

Entretanto a resistência para aí. Moças solteiras acostumadas com sua cama de casal também podem desacostumar, basta estarem dispostas ou não.No nosso entender a idéia de disposição, associa-se diretamente ao estar apaixonada. Entretanto, se vão querer dividir o espaço, saindo dessa forma da nossa categoria de estudo, não cabe às nossas especulações.

2 comentários:

Anônimo disse...

Aff... para seu conhecimento a cama de viuva é apenas 10 centimetro mais estreita que a de casal... o que dá perfeitamente para duas pessoas dormirem tranquilamente... só não dá se você resolver dormir na diagonal...

Unknown disse...

...Meu, ja comecei a rir no comeco do seu texto. E exatamente o que voce disse. Quase plagiei o titulo do seu titulo e comecei a fazer brincadeiras no trabalho! Sou uma moca com uma cama de casal; egoista por vezes e bem articulada por outras... Nao e que sabemos o que queremos mas ja sabemos exatamente o que nao queremos e dai e um pulo pra nao aceitar qualquer coisa; especialmente se esta coisa vai roubar metade do seu comforto... Anyway, nada que o 'amor' nao cure!
Muito bom.